Rosa Cuchillo Ensayo

Extracto

A libertação poética de Rosa Cuchillo no presídio feminino em Chiapas

Stela Fischer

Este texto é o relato emocionado da experiência de acompanhar a apresentação de Rosa Cuchillo, do grupo peruano Yuyachkani, no presídio feminino Cerss No. 5, Centro Estatal para la Reinserción Social de Setenciados para el Estado de Chiapas, México.

A iniciativa da apresentação surgiu espontaneamente das atrizes Teresa Ralli e Ana Correa ao conhecerem Patricia Aracil, psicóloga espanhola que mora há muitos anos em San Cristóbal de las Casas, responsável por desenvolver diversas no presídio.2 Teresa e Ana certeiramente pediram para levar o espetáculo até aquelas mulheres em situação de abandono social e legal.

Patricia realiza no Cerss um belíssimo trabalho de assistência às detentas, junto a uma pequena equipe voluntária de defensoria que se organiza de forma independente, sem subsídio do governo. Eles desenvolvem inúmeras atividades de formação e oficinas, apoio emocional, jurídico e financeiro às detentas. Auxiliam na averiguação de possíveis irregularidades nos processos, atenuação de pena e reinserção das mulheres na sociedade. Também mantém há dois anos a Casa Cereza, um espaço de transição e acolhimento das mulheres que saem do presídio e precisam de um lugar para morar,3 onde possam voltar a estudar e se restabelecerem no mercado de trabalho.

Fomos em um pequeno grupo de mulheres de diferentes origens que se encontrava na cidade participando do curso Art and Resistance, promovido pelo Hemispheric Institute. Eu, particularmente, estava muito emocionada; seria a primeira vez que assistiria ao solo de Ana Correa, dirigido por Miguel Rubio, que há muito tempo vinha estudando e me envolvendo à distância. E na manhã de 15 de agosto de 2013 participei dessa vivência num contexto especial: assistir ao Yuyachkani junto a mulheres que, assim como a personagem da história, estão num processo de luta por justiça e liberdade.

O presídio localiza-se a alguns minutos da cidade de San Cristóbal de las Casas, num cenário típico da região de muito verde e cercado por montanhas. Ao chegar, nos dirigimos à ala feminina do presídio, com aproximadamente sessenta mulheres de diferentes idades. E a maioria delas estava a nossa espera, ansiosas pela manhã especial que iriam ter. Estavam inclusive vestidas e maquiadas com esmero, preparadas para a visita de Rosa Cuchillo.

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