Boas-Vindas
Prezados(as) participantes:
Bem-vindos / Bem-vindas ao "Corpolíticas nas Américas" – O Encontro do Instituto Hemisférico, nosso co-anfitrião o Centro Cultural Recoleta, em colaboração com o Instituto Torcuato Di Tella, o Teatro Empire, os estudantes e o corpo docente da Universidad de Buenos Aires! Como de costume, esperamos que este Encontro ofereça valiosas oportunidades para um intercâmbio coletivo. Buenos Aires, nossa cidade anfitriã, assim como a Argentina como um todo, estabeleceu o padrão para a performance e o ativismo nas Américas, com poderosas intervenções como as das Madres de Plaza de Mayo, a dos H.I.J.O.S. (a organização composta pelos filhos dos desaparecidos) até os movimentos sociais nascidos da crise econômica de 2001. A Argentina revelase como um espaço maravilhoso e estimulante para artistas, acadêmicos e ativistas que compartilham suas diversas experiências no cruzamento entre a performance e a política.
Na Argentina, como em muitos outros lugares, os momentos mais cruciais na vida pública tendem a seguir de mãos dadas à uma efervescência social notável. As pessoas literalmente vão às ruas desempenhar suas posições políticas. A política encenada se faz sentir nos problemas dos direitos humanos, como assinalamos acima, mas também em outras múltipas arenas. Os grupos coletivos esforçam-se para formar vínculos novos e melhores nos bairros, escolas, prisões, hospitais, etc. Ao colocar seu corpo em cumprimento do dever —"poner el cuerpo", como se diz na Argentina— não é somente um dito mas uma atitude que descreve como os indivíduos e grupos coletivos sociais deixam clara a sua capacidade de corpo político ao confrontar situações problemáticas. Desta forma, parece ser importante para nós enfocar nossa atenção sobre os corpos como significantes e significados, como meio e objetos de significação que estão sempre presentes, explícita e implicitamente, falando sobre ou sendo falado pela multiplicidade de fatores que constituem as diversas realidades sociais pelas quais navegamos.
Os corpos, naturalmente, não apenas desempenham práticas libertadoras. Em nenhum outro lugar é mais claro do que aqui, na Argentina, país que comemorou, no ano passado, o 30º aniversário da cruel ditadura militar (1976-83), que levou as práticas de terrorismo do estado aos limites. Imagens de tanques militares nas ruas da cidade e os soldados dominando o espaço público são visíveis não apenas nas paredes de nossas exposições no centro Cultural Recoleta (cujo curador foi Julio Pantoja) mas também estão por toda parte presentes no imaginário nacional. É contra aquelas práticas incorporadas repressivas – com os nefários desaparecimentos e tortura – que acontecem outras formas de performances culturais de reafirmação da vida. Dentro deste enquadramento, os quatro tópicos que identificamos para guiar nosso trabalho e reflexão (Corpodinamias, Corpografías, Corpusterrorificus e Corpoéticas) sugerem que juntos podemos explorar uma gama de problemas, a partir das maneiras como os movimentos sociais encenam suas exigências e se constituem em grupos coletivos ao "colocar seus corpos em cumprimento do dever" às maneiras pelas quais nossos corpos atuam como mapas e como espaços contestados para uma vasta disposição de políticas que procuram informar-lhes e constituir-lhes em termos de raça, classe, gênero e região; dos efeitos, marcas e operações dos mecanismos que reprimem e os arquivam, à ética e estética das práticas emancipatórias.
Esperamos que o Encontro sirva para expandir e apronfudar as redes formadas nos Encontros anteriores e para abrir novos caminhos de intercâmbios. Agradecemos à sua participação e desejamos a todo nós, juntos, um momento intenso, frutífero e inspirador!!!
Claudia Briones e Diana Taylor