Nesta conversa com Marlène Ramírez-Cancio (diretora associada de artes e mídia do Hemi), Taja Lindley discute a sua jornada, de uma infância numa região predominantemente branca da Geórgia ao seu trabalho ativista pela justiça racial e reprodutiva na cidade de Nova Iorque, até o seu mergulho profundo na performance e o seu atual “alvoroço” de práticas artísticas e terapêuticas voltadas para um propósito e cheio de paixão. Ao longo do caminho, ela detalha a criação de inúmeras manifestações do seu personagem Bag Lady—da performance de rua para o palco, para a tela de cinema (assista de 44:22 a 01:02:23 desta entrevista)—bem como as suas visões sobre o papel dos artistas no processo de mudança da cultura para criar o mundo no qual queremos viver. Através dos seus estudos de graduação, Lindley se envolveu com o pensamento feminista negro e com o trabalho pela justiça reprodutiva ao tempo em que também fazia parte de um time de step. Após o seu trabalho com o ativismo e entidades sem fins lucrativos, ela entrou para o mundo da arte performática por meio da sua residência no Body Ecology, explorando o conhecimento não verbal localizado dentro do corpo humano. Desde então, Lindley tem expressado a sua arte através de diversos meios de comunicação: performances de hip-hop, trabalho como doula, comercialização de arte, contação de histórias, o burlesco, dentre outros. Inspirada na “Bag Lady” de Erykah Badu, a obra Bag Lady Manifesta de Lindley é um projeto interdisciplinar que lida com o clima sociopolítico atual e histórico que torna as políticas, práticas e culturas antinegros possível.
Biografia
Nascida nos anos 80 em Nova Iorque e criada no sul, Taja Lindley atualmente mora no Tennessee, trabalhando como a fundadora do Colored Girls Hustle®️ - um abrigo e santuário para a sua autoexpressão, um portal sagrado e uma plataforma para os seus projetos criativos e colaborações. Lindley é uma artista generativa interdisciplinar conduzida pelo espírito que concebe obras dinâmicas e iterativas que visam transformar a plateia e mudar as narrativas, a cultura e a consciência. Ela se inspira nas artes terapêuticas e ciências metafísicas que apoiam a sua jornada terapêutica e influenciam os rituais de concepção, execução e apresentação das suas obras de arte. Lindley é mais conhecida pelas suas performances, instalações e podcasts abordando a violência sancionada pelo Estado, a liberdade reprodutiva, a soberania econômica, a autonomia corporal e a nossa relação com o passado. O seu trabalho é muitas vezes imersivo, participativo, socialmente engajado, político e autobiográfico. Os seus meios de comunicação (até o momento) incluem o cinema, a memória, o som, a dança/movimento, o texto, os arquivos pessoais, a contação de histórias e materiais descartados.
Lindley recebeu o seu bacharelado em Artes da Gallatin School of Individualized Study, da New York University, onde ela criou a sua própria concentração em política pública e produção de conhecimento com um foco na saúde e nas mulheres de cor. A sua residência no Dixon Place Theater em 2017 culminou numa estreia mundial do seu show solo “The Bag Lady Manifesta” em setembro de 2017 e já foi apresentado em museus, teatros e universidades por todo o país. Além de ser uma artista, Lindley tem estado ativamente engajada em movimentos sociais como artista, consultora e facilitadora. Por quase duas décadas, ela tem trabalhado com entidades sem fins lucrativos, organizações com base na comunidade, institutos de pesquisa e órgãos governamentais em políticas e programas que tenham impacto sobre mulheres e meninas, comunidades de cor, famílias de renda fixa baixa ou inexistente, pessoas queer, jovens e imigrantes.