De 26 a 29 de setembro do ano 2000, no campus da University of Massachusetts, o New WORLD Theater coordenou uma grande reunião nacional e internacional, chamada ‘Interseção II’, um festival de conferências/performances voltado para as obras teatrais interdisciplinares e interculturais. O ‘Interseção II’ incluiu participação internacional, ao tempo em que examinou práticas teatrais inovadoras dentro da comunidade e nas esferas nacional e global. O evento reuniu artistas, intelectuais, produtores teatrais, apresentadores de arte e ativistas das artes para explorar o processo, a evolução e a dinâmica de fazer teatro no alvorecer do século XXI. Uma das performances apresentadas foi 'Antígona,' dirigida por Miguel Rubio Zapata, com a atuação magistral de Teresa Ralli, membro fundador do Grupo Cultural Yuyachkani (Peru). Esta performance solo feminina da versão de José Watanabe da clássica tragédia de Sófocles é um desolador exemplo da devastação causada por vinte anos de violência civil no Peru. Apesar de ser a estória de um único personagem, a obra refere-se aos cerca de 70.000 homens, mulheres e crianças desaparecidas no Peru e aos milhares de sobreviventes que estão ainda lutando pelo seu direito de viver o seu pesar pela perda de entes queridos.
O mais importante coletivo teatral do Peru, o Grupo Cultural Yuyachkani tem trabalhado desde 1971 na vanguarda da experimentação teatral, performance política e criação coletiva. Yuyachkani é uma palavra quechua que significa ‘estou pensando, estou lembrando’. Sob este nome, o grupo de teatro tem se dedicado à exploração coletiva da memória social incorporada, particularmente em relação a questões referentes à etnia, violência e memória no Peru. Sua obra tem figurado entre as mais importantes no chamado Novo Teatro Popular da América Latina, com um forte compromisso para com as questões comunitárias de base, a mobilização e a defesa de direitos humanos. O Yuyachkani recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos do Peru no ano 2000. Conhecido por abraçar criativamente tanto as formas de performance indígenas quanto as formas teatrais cosmopolitas, o Yuyachkani apresenta uma visão mais aprofundada do teatro peruano e latino-americano e de questões mais amplas relativas à estética social pós-colonial.
Para mais documentações sobre a obra do Yuyachkani, favor ver o seu perfil artístico.